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Gosto de tempestades e de pessoas que se parecem com tempestades

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A CP não é para velhos

Onze da manhã, numa estação da CP algures na linha de Sintra. A fila de pessoas que pretendem comprar titulo de transporte ( bilhete, em linguagem normal) é enorme. São quase todas, idosas.

Só existem duas máquinas, que rivalizam com as três bilheteiras, estranhamente fechadas. Uma das máquinas, provavelmente mais sensível, recusa-se a aceitar notas, o que provoca ainda mais confusão a quem pretende usá-la. 


Enquanto espero  - e desespero pela minha vez - sou cravada por uma mendiga ( também velha ) que diz ter fome, escuto as dúvidas dos meus companheiros de fila e perco um comboio - o próximo chegará 20 minutos depois - mas em compensação faço, não uma, não duas, nem três, mas quatro boas acções ( e fico com as contas saldadas no que toca a pecados diários) ao ajudar na operação, que devia ser simples, mas não o é, de compra e validação do bilhete.

Nos cerca de 20 minutos em que esperei pela minha vez, nem sombra de um funcionário da empresa para auxiliar os utentes mais desabituados com estas modernices, quase sempre, os mais velhos, se bem que mesmo os mais novos manifestam algumas dificuldades, também preocupantes.

Alguém dirá, eventualmente, que por razões de politica empresarial a CP decidiu desactivar as bilheteiras, e substituí-las pelas maravilhosas máquinas que cospem bilhetes. Uma solução mais barata, numa altura em que a situação miserável económica do pais pede um pouco a todos nós!, sussurra-me a voz do bom senso...

Ainda assim, abandono o local com a desagradável sensação de que esta imagem da CP, mais moderna, é uma tolice, num pais em que o analfabetismo foi substituído por uma nova forma de ignorância: o analfabetismo funcional. E quando a maior parte dos utentes dos transportes públicos é idoso, e com maiores dificuldades, mais que tolice,é simplesmente triste!


Downtown Train  

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